O que causa o descolamento de retina?
Causas do descolamento de retina: entenda como surgem os rasgos na retina, fatores de risco e sinais de alerta.
O que causa o descolamento de retina?
O descolamento de retina é uma das doenças oculares mais graves e que mais preocupam pacientes e oftalmologistas. Ele pode levar à perda de visão irreversível se não for tratado rapidamente. Muitas pessoas se surpreendem quando recebem esse diagnóstico, pois até o dia anterior não apresentavam sintomas importantes. Mas afinal, o que realmente causa o descolamento de retina? Neste artigo, vou explicar de forma detalhada, humanizada e acessível para que você entenda melhor os mecanismos, fatores de risco e importância do diagnóstico precoce.
O que é o descolamento de retina regmatogênico?
Existem diferentes tipos de descolamento de retina, mas o mais comum e urgente é o descolamento regmatogênico. Esse nome complicado significa, em resumo, que houve um rasgo ou ruptura na retina, e por esse ponto de fragilidade o líquido do interior do olho passa a infiltrar-se por baixo da retina, levantando-a e separando-a do tecido de suporte.Sem um rasgo, não há descolamento regmatogênico. Esse é o ponto central.
Muitas vezes, o rasgo é grande e visível no exame. Outras vezes, pode ser um microburaco na periferia da retina, tão pequeno que até mesmo com equipamentos modernos pode ser difícil de identificar.
O papel do vítreo: quando a gelatina puxa a retina
Dentro do olho, existe uma estrutura chamada vítreo, uma substância gelatinosa que preenche a cavidade posterior. Quando somos jovens, o vítreo é mais firme e aderido à retina. Com o passar dos anos, essa gelatina vai se tornando mais líquida e menos aderente, até que ocorre o chamado descolamento do vítreo posterior.
Esse processo costuma ser natural com a idade, mas em alguns casos, quando o vítreo se solta, ele “puxa” a retina em alguns pontos. É como descolar uma fita adesiva de um papel: às vezes sai sem problemas, mas outras vezes acaba rasgando o papel. Na retina, esse rasgo pode ser o ponto de partida para o descolamento.
Fatores de risco para o descolamento de retina
Embora o descolamento de retina possa acontecer em qualquer pessoa, inclusive em olhos aparentemente saudáveis, alguns grupos apresentam maior risco:
Miopia alta
Pacientes com miopia acima de 5 ou 6 graus têm maior chance de desenvolver descolamento de retina. Isso porque o olho míope é mais comprido, o que deixa a retina mais fina e frágil. Além disso, são comuns as chamadas degenerações periféricas da retina, áreas enfraquecidas que facilitam o aparecimento de rupturas.
Idade
O envelhecimento natural do vítreo e da retina faz com que pessoas acima dos 50 ou 60 anos tenham risco aumentado, principalmente quando surgem sintomas como moscas volantes (manchas escuras móveis) ou flashes luminosos.
Cirurgia de catarata
Homens que realizam cirurgia de catarata em idades mais jovens, especialmente se forem míopes, também apresentam maior probabilidade de desenvolver descolamento posteriormente.
História familiar
Quem tem familiares próximos que já tiveram descolamento de retina deve redobrar a atenção, pois pode existir uma predisposição genética.
Trauma ocular
Pancadas fortes no olho podem causar não apenas hemorragias e inflamações graves, mas também rupturas na retina que evoluem para descolamento.
Casos anteriores
Pacientes que já tiveram descolamento de retina em um olho devem ter cuidado redobrado com o outro. Estima-se que 10% a 15% dessas pessoas acabem desenvolvendo o problema em ambos os olhos.
Outros mecanismos: buracos atróficos e infiltração lenta
Em alguns casos, principalmente em pacientes jovens com retina fina, podem surgir buracos atróficos. Diferente do rasgo causado pelo puxão do vítreo, esses buracos se formam pela atrofia natural de um ponto da retina, como se fosse um desgaste localizado.Nesses casos, o descolamento pode ser mais lento, mas igualmente perigoso, porque o diagnóstico costuma ser tardio. Muitas vezes, quando o paciente percebe, a retina já está endurecida por uma complicação chamada proliferação vítreo-retiniana (PVR), o que torna a cirurgia mais difícil.
Sintomas de alerta
Saber reconhecer os sintomas iniciais pode salvar a visão. Os mais comuns são:
Moscas volantes: pontos pretos, linhas ou manchas que parecem flutuar na visão.
Flashes luminosos: pequenas luzes que piscam, mesmo no escuro.
Sombra na visão: uma “cortina” ou área escura que começa em um canto e pode avançar.
Embaçamento repentino: perda súbita da nitidez visual.
Ao notar qualquer um desses sinais, procure imediatamente um oftalmologista. O tempo é fundamental: quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de preservar a visão.
A importância da prevenção
Não existe um método 100% eficaz para evitar o descolamento de retina, mas algumas medidas reduzem riscos:
Evitar esfregar os olhos com força, pois o atrito pode causar microtraumas.
Realizar exames oftalmológicos periódicos, especialmente quem tem miopia alta, histórico familiar ou já passou por cirurgia ocular.
Proteger os olhos contra traumas, usando óculos de segurança em atividades de risco.
Atentar-se aos sintomas e buscar ajuda rapidamente.
Conclusão: um problema grave, mas tratável se diagnosticado a tempo
O descolamento de retina é causado, na maioria dos casos, por um rasgo na retina associado ao descolamento do vítreo. Esse processo pode ocorrer em qualquer pessoa, mas é mais frequente em indivíduos com miopia alta, idosos, pacientes operados de catarata precocemente, pessoas com histórico familiar ou que sofreram trauma ocular.
Apesar da gravidade, há um aspecto positivo: quanto antes for diagnosticado, melhores são os resultados da cirurgia. O segredo está na atenção aos sintomas e na consulta imediata ao oftalmologista ao menor sinal de alerta.
Se você percebeu mudanças repentinas na visão, não espere. A avaliação rápida pode ser a diferença entre preservar a visão ou perder parte dela para sempre.
👉 Gostou deste artigo? Ele foi escrito especialmente para você que busca informações claras e confiáveis sobre saúde ocular. Compartilhe com seus familiares e amigos, pois entender os riscos e sintomas do descolamento de retina pode ajudar muita gente a procurar atendimento a tempo.
Autor:
Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Retinólogo
RQE 18.706
