Serosa Central
A serosa central, ou coriorretinopatia serosa central, é uma doença que causa embaçamento da visão central, podendo estar associada ao estresse e ansiedade.
Diagnóstico
O diagnóstico geralmente é feito através da história clínica compatível, exame de fundo de olho ou mapeamento de retina, onde é visualizado um reflexo diferente na mácula, muitas vezes acompanhado de alteração de pigmento no fundo de olho.
Geralmente, é solicitado algum exame complementar, sendo o mais comum o OCT (tomografia de coerência óptica), que identifica fluido subrretiniano (descolamento seroso da mácula), quase sempre associado a um pequeno descolamento do epitélio pigmentar da retina (DEP) e, muitas vezes, alterações pigmentares.
Outro exame frequentemente solicitado é a angiografia fluoresceínica, que avalia a circulação da retina e identifica pontos de vazamento de líquido na área afetada. Caso haja suspeita de uma membrana neovascular subrretiniana, exames como OCTA (angio-OCT) ou angiografia com indocianina verde podem ser realizados para analisar com mais detalhes a coróide (camada de vasos abaixo da retina).
Causas
Ainda não se conhece exatamente a fisiopatogenia da doença, mas acredita-se que ocorra devido a falhas na circulação da coróide, onde um vaso permite uma passagem excessiva de líquido, acumulando-se sob o epitélio pigmentar da retina. Quando essa barreira falha, o líquido passa para baixo da retina, causando baixa da visão.
A doença está fortemente associada ao estresse e ansiedade, sendo mais frequente em indivíduos preocupados com o trabalho. O principal fator de risco identificado é o uso de corticóides sistêmicos.
Prognóstico e Tratamento
Felizmente, a grande maioria dos casos (80-90%) se resolve espontaneamente dentro de três a seis meses, com recuperação total da visão. Durante esse período inicial, não é indicado tratamento.
Em alguns casos, a doença pode se tornar crônica (ativa por mais de seis meses) ou apresentar recidivas. Nessas situações, pode ser necessário um tratamento específico.
A maioria dos tratamentos disponíveis ainda não possui comprovação científica definitiva, com estudos apresentando resultados controversos.
Fotocoagulação a laser: indicada para casos em que o ponto de vazamento está afastado da fóvea. Embora reduza a duração da doença, após um ano não há diferença significativa entre pacientes tratados e não tratados.
Laser sublilimiar (micropulso): uma alternativa moderna que evita cicatrizes na retina, permitindo aplicação próxima à fóvea. No entanto, os estudos ainda não são conclusivos sobre sua eficácia.
Terapia fotodinâmica (PDT): considerada o tratamento mais eficaz e seguro, utiliza um laser aplicado após injeção de verteporfina na veia do paciente. Apesar da eficácia, é pouco realizado devido à dificuldade de acesso à verteporfina.
Uso de antagonistas dos mineralocorticóides (espironolactona): acredita-se que possa reduzir o líquido subrretiniano e acelerar a recuperação, mas os estudos apresentam resultados contraditórios.
Nos casos crônicos e recidivas, podem ocorrer alterações no pigmento da mácula, levando a uma baixa de visão a longo prazo. Além disso, pode haver formação de membrana neovascular subrretiniana, que requer tratamento urgente com injeções intravítreas de antiangiogênico.
Mesmo sendo uma doença geralmente benigna, qualquer piora da visão deve ser avaliada rapidamente por um oftalmologista, pois outras doenças podem requerer tratamento urgente para evitar danos permanentes à visão.