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Chip de retina para melhorar a visão

Implante PRIMA: a tecnologia promete melhorar a visão central em casos de degeneração macular seca

Chip para melhorar a visão: funciona?

Implante de Retina: uma Nova Esperança para Quem Sofre com a Degeneração Macular Seca

O que é a degeneração macular seca e por que causa perda de visão?

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma das principais causas de cegueira irreversível em pessoas acima dos 60 anos. Ela afeta a mácula — região central da retina responsável pela visão de detalhes, leitura e reconhecimento de rostos. Na forma seca (também chamada de atrofia geográfica), ocorre uma morte progressiva das células fotorreceptoras e do epitélio pigmentar da retina. Essa perda é irreversível e leva a um “buraco” na visão central, conhecido como escotoma. O paciente continua enxergando pelas laterais, mas perde o foco central, o que impede atividades simples como ler, dirigir ou reconhecer pessoas.

Até pouco tempo, os tratamentos disponíveis apenas retardavam a progressão da doença. Nenhum conseguia restaurar a visão perdida. Isso começou a mudar com o surgimento de uma tecnologia inédita: o implante fotovoltaico sub-retiniano.


Como funciona o implante fotovoltaico de retina

O novo sistema, chamado PRIMA, foi desenvolvido por pesquisadores europeus e americanos e representa um avanço revolucionário na reabilitação visual.O dispositivo é formado por um microchip de 2 milímetros por 2 milímetros, com 378 minúsculos pixels fotovoltaicos, cada um medindo apenas 100 micrômetros de largura. Esse microchip é implantado sob a retina, exatamente na área afetada pela atrofia.

A pessoa usa um óculos especial, equipado com uma câmera e um projetor infravermelho. Essa câmera capta as imagens do ambiente e as envia para um processador de bolso, que converte a informação visual em padrões de luz infravermelha. O óculos então projeta essas imagens no implante, e os pixels do microchip transformam essa luz em pequenas correntes elétricas que estimulam as células internas da retina.Essas células, por sua vez, transmitem os sinais pelo nervo óptico até o cérebro, recriando a sensação visual — um verdadeiro “atalho eletrônico” para substituir os fotorreceptores perdidos.

Um ponto interessante é que o sistema é sem fios, o que torna a cirurgia menos invasiva e o uso diário mais confortável. O paciente continua utilizando sua visão natural periférica, enquanto o implante restaura a visão central perdida.


O estudo que comprovou os resultados

O estudo PRIMAvera, publicado no New England Journal of Medicine em outubro de 2025, foi conduzido em 17 centros europeus, com 38 participantes portadores de atrofia geográfica por DMRI e baixa visão severa (acuidade de 20/320 ou pior).

Os resultados foram surpreendentes:

  • 81% dos pacientes apresentaram melhora clinicamente significativa da visão (ganho de pelo menos 10 letras na tabela de acuidade visual);

  • 84% conseguiram ler letras, números ou palavras em casa, utilizando o sistema;

  • A melhora média foi de 25 letras, equivalente a um ganho de cerca de 0,5 logMAR, após 12 meses de uso.

Esses ganhos são superiores aos observados com dispositivos ópticos convencionais, como lupas eletrônicas ou telescópios intraoculares, que costumam oferecer ganhos de 0,2 a 0,3 logMAR.


Segurança e efeitos colaterais

Todo procedimento cirúrgico envolve riscos, e o implante sub-retiniano não é exceção. No estudo, 19 dos 38 pacientes apresentaram algum evento adverso grave, totalizando 26 casos. Os mais comuns foram hipertensão ocular e pequenos sangramentos sub-retinianos, todos reversíveis.Importante: nenhum caso levou à perda permanente da visão periférica, e os episódios mais sérios, como descolamento de retina ou buraco macular, foram raros e tratados com sucesso.

A maioria das complicações ocorreu nas primeiras semanas após a cirurgia e se resolveu espontaneamente ou com tratamento clínico.A estrutura da retina ao redor do implante permaneceu preservada nas imagens de tomografia (OCT), demonstrando boa integração do microchip ao tecido ocular.


O que o paciente enxerga com o implante

A visão restaurada pelo PRIMA ainda é limitada, mas funcional. Os pacientes relatam perceber formas, contrastes, letras grandes e objetos. Com o auxílio das funções de zoom, brilho e contraste do processador, alguns foram capazes de ler textos pequenos e reconhecer rostos, tarefas impossíveis antes da cirurgia.É uma visão “eletrônica”, mas que permite recuperar autonomia e qualidade de vida.

Um detalhe técnico interessante é que, como o implante capta movimentos oculares, e não apenas da cabeça, o cérebro consegue criar uma imagem mais nítida, semelhante ao uso de algoritmos de super-resolução das câmeras digitais. Isso aumenta o nível de detalhe além do que seria possível apenas pelo tamanho dos pixels.


Diferença entre o PRIMA e outros implantes

Antes do PRIMA, outras tecnologias tentaram restaurar a visão, como o Argus II (epirretiniano) e o Alpha IMS (subretiniano).Porém, esses dispositivos utilizavam fios e eletrodos maiores, gerando imagens com resolução inferior (acuidade máxima de 20/1000) e riscos cirúrgicos maiores.

O PRIMA, por ser fotovoltaico e sem fios, é muito mais fino — cerca de metade da espessura de uma célula fotorreceptora — e se integra de forma natural à retina, sem necessidade de parafusos ou tachas.Além disso, sua operação por luz infravermelha evita interferências com a visão natural e permite futuras atualizações tecnológicas, inclusive com possibilidade de substituir o chip por versões de maior resolução sem necessidade de novas grandes cirurgias.


O futuro da reabilitação visual

O implante PRIMA representa um marco histórico na oftalmologia moderna. Pela primeira vez, foi possível restaurar parcialmente a visão central em pessoas com degeneração macular seca, uma condição até então considerada irreversível.

Apesar dos resultados promissores, trata-se ainda de uma tecnologia em avaliação clínica. Os pesquisadores planejam acompanhar os pacientes por até 36 meses e desenvolver novas gerações de chips com resolução mais alta. No futuro, acredita-se que múltiplos microimplantes possam ser utilizados em mosaico, cobrindo áreas maiores da retina e oferecendo uma visão ainda mais natural e detalhada.


Mensagem final ao paciente

A ciência está, pela primeira vez, conseguindo reacender a luz da mácula em olhos que haviam perdido a visão central.Embora o tratamento ainda não esteja amplamente disponível e dependa de estudos adicionais e aprovação regulatória, ele representa uma esperança concreta para milhões de pessoas com DMRI seca e atrofia geográfica.O futuro da oftalmologia caminha para unir biologia, eletrônica e neurociência em prol da reconstrução da visão — e o implante fotovoltaico PRIMA é, sem dúvida, um dos primeiros e mais promissores passos nessa direção.


Autor:

Dr. Mário César Bulla

Cremers 28.120

Médico Oftalmologista - Retinólogo

RQE18.706

Oftalmologista Clínica Bulla
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Clínica oftalmológica especializada no atendimento das doenças da retina: DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade), edema macular, oclusão venosa, membrana epirretiniana, buraco macular, descolamento de retina, distrofias retinianas, retinose pigmentar, doença de Stargardt. Bem como realização de laser, injeções intravítreas de anti-angiogênico. Exames complementares: OCT, biometria com Iolmaster (ecobiometria), ecografia ocular, campo visual, PAM, microscopia especular, topografia corneana. Cirurgia para catarata: facoemusificação. Retinólogo.

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