Como é a Cirurgia de Catarata?
Entenda como é feita a cirurgia de catarata. Um dos procedimentos mais realizados no mundo e capaz de devolver a visão de forma rápida e eficaz na grande maioria dos casos.
Como é feita a cirurgia de catarata? Entenda o passo a passo do procedimento que pode devolver sua visão
A catarata é uma das doenças mais comuns da oftalmologia e representa hoje a principal causa de cegueira reversível no mundo. Embora o nome possa assustar, a boa notícia é que, quando diagnosticada precocemente e tratada de forma adequada, a catarata tem cura — e essa cura se dá por meio de uma cirurgia rápida, segura e altamente eficaz. Mas você sabe, de fato, como é feita essa cirurgia?
Neste artigo, vou explicar de forma clara e detalhada como funciona a cirurgia de catarata, desde os conceitos iniciais até o que acontece dentro da sala de cirurgia. Acompanhe até o final e tire todas as suas dúvidas.
O que é a catarata?
A catarata não é uma película que cresce sobre o olho, como muitos imaginam. Esse conceito está relacionado a outra condição chamada pterígio, que realmente forma uma "pelezinha" sobre a córnea. A catarata, na verdade, ocorre dentro do olho, mais especificamente no cristalino — a lente natural e transparente que temos desde o nascimento.
Com o passar dos anos, esse cristalino pode perder sua transparência, tornando-se opaco. Quando isso acontece, a luz não consegue passar de forma adequada, prejudicando a visão. O paciente pode começar a perceber embaçamento, dificuldade para ler, dirigir, enxergar à noite ou em ambientes muito iluminados. A catarata pode evoluir progressivamente e, em casos avançados, levar à cegueira — embora reversível.
Tipos mais comuns de catarata
Existem diversos tipos de catarata, dependendo da região do cristalino que é afetada:
Catarata nuclear: ocorre no centro do cristalino, tornando-o amarelado. Pode alterar o grau do paciente, principalmente aumentando a miopia.
Catarata cortical anterior: aparece em formato de cunhas ou linhas brancas que se irradiam da borda para o centro.
Catarata subcapsular posterior: afeta a parte posterior do cristalino, sendo mais comum em pacientes mais jovens, diabéticos ou em uso de corticoides. Pode piorar rapidamente a visão.
Independentemente do tipo, o tratamento é sempre cirúrgico. E hoje, a técnica mais utilizada é a facoemulsificação.
Como é feita a cirurgia de catarata?
A cirurgia moderna de catarata é feita com anestesia local, normalmente em regime ambulatorial, ou seja, o paciente não precisa ficar internado. Todo o procedimento costuma durar de 10 a 20 minutos.
1. Anestesia e preparo
O paciente recebe colírios anestésicos e dilatadores. Em alguns casos, pode ser aplicada uma leve sedação para maior conforto.
2. Incisões
São feitos dois pequenos cortes na córnea:
Um corte principal de cerca de 2,2 a 2,7 mm para introduzir o facoemulsificador.
Um corte auxiliar (paracentese) de aproximadamente 1 mm para introduzir instrumentos auxiliares, como o chopper.
Esses cortes são tão pequenos que não precisam de pontos e cicatrizam sozinhos.
3. Abertura da cápsula (capsulorrexis)
O cirurgião realiza uma abertura circular e centralizada na cápsula anterior do cristalino. Essa abertura permite o acesso à catarata.
4. Hidrodissecção e hidrodelineação
São injetados líquidos especiais entre as camadas do cristalino para facilitar sua mobilização e fragmentação. Isso ajuda a “soltar” a catarata, tornando a aspiração mais segura.
5. Fase de facoemulsificação
É o coração da cirurgia. Utiliza-se um aparelho com ponteira ultrassônica que fragmenta e aspira a catarata, removendo o conteúdo opaco do cristalino. A cápsula posterior do cristalino, uma membrana fina e transparente, é preservada para receber a nova lente.
6. Aspiração final
Uma sondinha ainda mais delicada aspira os resíduos restantes, deixando o interior do olho limpo e preparado para a nova lente.
Implante da lente intraocular (LIO)
Após a remoção completa da catarata, o cirurgião implanta uma lente intraocular (LIO) dobrável que substitui o cristalino removido. Essa lente é inserida através de um injetor e se desdobra suavemente dentro do olho.
A escolha da lente é baseada em um exame pré-operatório chamado biometria, que calcula o grau ideal para cada paciente. Atualmente, há diversos modelos de lentes, como:
Lentes monofocais: corrigem a visão para uma distância (geralmente longe).
Lentes tóricas: corrigem astigmatismo.
Lentes multifocais ou trifocais: permitem enxergar bem para longe, perto e intermediário, reduzindo a dependência dos óculos.
Lentes de última geração com correção de aberrações ópticas e melhor contraste.
O que acontece após a cirurgia?
A recuperação costuma ser rápida. Na maioria dos casos, o paciente já percebe melhora da visão em poucos dias. Mas é fundamental seguir rigorosamente as orientações médicas no pós-operatório, como:
Uso correto dos colírios prescritos;
Evitar coçar os olhos;
Não levantar peso nem abaixar a cabeça bruscamente nos primeiros dias;
Proteger os olhos com óculos escuros e evitar ambientes com muita poeira;
Comparecer às consultas de retorno.
A cirurgia é segura?
Sim, é considerada uma das cirurgias mais seguras e realizadas no mundo todo. Mas, como qualquer procedimento, há riscos — como infecção, inflamação, opacificação da cápsula posterior, entre outros. Felizmente, essas complicações são raras quando o procedimento é feito por um cirurgião experiente e com técnica adequada.
Conclusão
A cirurgia de catarata é um procedimento altamente tecnológico, que evoluiu muito ao longo dos anos. Hoje, com microincisões, ultrassom e lentes intraoculares de última geração, é possível devolver qualidade de vida e independência visual para milhões de pessoas.
Se você ou alguém próximo está com diagnóstico de catarata, converse com seu oftalmologista sobre o melhor momento para operar e quais lentes podem ser mais indicadas para o seu caso. Quanto antes for feito o procedimento — antes de a catarata estar muito avançada — mais rápida e previsível tende a ser a recuperação visual.
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Autor:
Dr. Mário César Bulla
Cremers 28120
Médico Oftalmologista - Retina e Catarata