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Tratamentos minimamente invasivos para o descolamento de retina.

Tratamentos Menos Invasivos para o Descolamento de Retina: Opções

Introdução

O descolamento de retina é uma condição séria e, muitas vezes, de emergência. Hoje, vamos explorar as alternativas menos invasivas para o tratamento dessa condição, que podem ser eficazes em casos específicos. Entender as opções disponíveis é importante para reduzir a ansiedade e ajudar o paciente a tomar decisões informadas.

O Que é o Descolamento de Retina?

O descolamento de retina ocorre quando a retina se separa das camadas de suporte do olho, como o epitélio pigmentar, cortando o suprimento de nutrientes e oxigênio para as células fotorreceptoras. Isso pode resultar em danos irreversíveis à visão. Os sintomas incluem:

  • Visão embaçada ou perda parcial da visão

  • Moscas volantes (pequenas manchas escuras)

  • Flashes de luz (fotopsias) que ocorrem principalmente na periferia do campo visual

  • Sombra ou "cortina" que cobre parte do campo de visão

Esse tipo de condição requer diagnóstico e tratamento rápidos, pois o avanço do descolamento pode causar perda significativa de visão.

Opções de Tratamento Menos Invasivas

Dependendo do estágio e da localização do descolamento, o oftalmologista pode optar por tratamentos menos invasivos. Aqui estão os principais:

1. Fotocoagulação a Laser

A fotocoagulação a laser é um procedimento comum em casos iniciais de descolamento ou rupturas na retina, onde o descolamento ainda não progrediu muito. É particularmente útil em rupturas pequenas ou áreas de retinopatia periférica que estejam em risco de evoluir para um descolamento.

  • Como funciona: Utiliza um laser para causar pequenos pontos de fotocoagulação na retina ao redor da área afetada. Estes pontos geram cicatrizes que funcionam como uma “cola”, selando a retina e evitando que o fluido passe através das rupturas.

  • Processo: O procedimento é geralmente rápido e pode ser feito no consultório, sem necessidade de internação ou anestesia geral. O paciente recebe algumas gotas anestésicas e um colírio para dilatar a pupila, facilitando a aplicação do laser.

  • Indicações: É ideal para rupturas iniciais ou pequenos descolamentos que não afetaram a mácula. Para ser eficaz, o tratamento deve ser realizado antes que o descolamento atinja áreas centrais e críticas da visão.

  • Riscos e Limitacões: O laser não reposiciona a retina em casos de descolamento já avançado e não é eficaz para rupturas grandes. Além disso, como cria cicatrizes, pode limitar a elasticidade da retina em casos de múltiplas aplicações.

Estudos mostram que, em casos de ruptura em ferradura — um tipo de ruptura retiniana comum em descolamento — a fotocoagulação a laser pode reduzir o risco de evolução para descolamento em até 90%. No entanto, cerca de 10% dos casos tratados com laser podem precisar de intervenções adicionais.

2. Retinopexia Pneumática

A retinopexia pneumática é uma técnica minimamente invasiva que utiliza uma bolha de gás para reposicionar e selar a retina. Indicada principalmente para rupturas localizadas na parte superior do olho, essa técnica pode ser eficaz para estabilizar a retina sem a necessidade de uma cirurgia mais extensa.

  • Como funciona: Uma bolha de gás é injetada no humor vítreo (a “gelatina” dentro do olho), que pressiona a retina contra a parede do olho. A pressão da bolha ajuda a reposicionar a retina, enquanto a fotocoagulação a laser ao redor da ruptura reforça a fixação da retina, impedindo que o líquido se infiltre através das lesões.

  • Processo: Após a injeção, o paciente precisa manter a cabeça em uma posição específica para garantir que a bolha pressione a área correta. A colaboração do paciente é essencial para o sucesso desse procedimento.

  • Indicações: A retinopexia pneumática é recomendada para descolamentos menores, com rupturas únicas e localizadas na porção superior do olho, onde a gravidade pode ajudar a manter a bolha no local.

  • Limitações: A técnica não é indicada para descolamentos extensos, múltiplas rupturas ou rupturas na parte inferior do olho, onde o paciente teria que ficar constantemente de cabeça para baixo. A taxa de sucesso da retinopexia pneumática varia, e estudos indicam uma taxa de sucesso entre 65% e 70%. Para cerca de 30% dos pacientes, pode ser necessária uma cirurgia mais invasiva posteriormente.

 

Comparação com Técnicas Mais Invasivas

Existem tratamentos mais invasivas dicados para casos de descolamento avançado, quando não é possível fazer algo mais simples, em casos onde os procedimentos mais simples não estão indicados ou não resolvidos com técnicas menos invasivas. Estes incluem:

  • Introflexão escleral: Um procedimento em que uma faixa de silicone é posicionada ao redor da parte externa do olho, pressionando-o para dentro e forçando a retina a reposicionar-se. Pode ser desconfortável e está associado a um maior risco de miopia.

  • Vitrectomia: Um procedimento mais complexo em que o humor vítreo é removido e a retina é reposicionada manualmente. A vitrectomia é recomendada para casos graves e pode ser eficaz em até 95% dos casos. No entanto, há um risco aumentado de complicações, como o desenvolvimento de catarata.

Esses procedimentos são invasivos e têm maior potencial de complicações, mas, em muitos casos, são necessários para salvar a visão quando o descolamento de retina é extenso ou recorre após o tratamento inicial.

Considerações Finais

Os tratamentos para o descolamento de retina variam conforme a gravidade da condição. Em casos de rupturas iniciais ou descolamentos menores, os procedimentos menos invasivos, como a fotocoagulação a laser e a retinopexia pneumática, podem ser muito eficazes. Porém, a colaboração do paciente e a rapidez no tratamento são fatores críticos para o sucesso.

Se você notar sintomas de descolamento de retina, como flashes de luz ou um aumento súbito de moscas volantes, não hesite em procurar um oftalmologista. A detecção precoce e o tratamento correto podem fazer a diferença na preservação da sua visão.

Autor:

Dr. Mário César Bulla

Cremers 28120

Médico Oftalmologista

Membro da Sociedade Americana de Especialistas em Retina

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